quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tiririca consegue ler e escrever em teste aplicado no TRE-SP


O deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), passou nesta quinta-feira (11/11) por um teste de alfabetização no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). O teste foi aplicado durante a análise do processo que apura a denúncia de crime de falsidade ideológica. O Ministério Público acusou Tiririca de ter forjado uma declaração de alfabetização para se candidatar na última eleição. Segundo o presidente do TRE-SP, desembargador Walter de Almeida Guilherme, Tiririca conseguiu ler e escrever o que lhe foi pedido.
Tiririca passou, pela manhã, por um teste de ditado. Foi solicitado ao deputado eleito que escrevesse uma frase extraída do livro Justiça Eleitoral: uma Retrospectiva. Depois, Tiririca teve que ler, em voz alta, o título e o subtítulo de duas reportagens publicadas por um jornal de grande circulação. Segundo o desembargador, Tiririca escreveu a frase ditada e leu os dois trechos solicitados.

Entretanto, o magistrado afirmou que é do juiz responsável pelo caso a decisão de atestar ou não se Tiririca é alfabetizado e se ele cometeu crime de falsidade ideológica. “É ele que vai chegar à conclusão de que a declaração [de alfabetização assinada pelo deputado eleito] é falsa ou não”, disse o desembargador. De acordo com ele, a decisão será dada antes da diplomação do candidato, marcada para 17 de dezembro.

O desembargador informou ainda que foi solicitado ao deputado eleito que ele conferisse a declaração de alfabetização entregue à Justiça Eleitoral para atestar a própria autoria. Mas o candidato se recusou. Segundo o juiz, a atitude está dentro das prerrogativas legais, pois ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.


A frase ditada foi extraída aleatoriamente de um livro da Justiça Eleitoral. “A promulgação do código eleitoral em fevereiro de 1932 trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral”. As manchetes foram “Procon manda fechar lojas que vendem produtos vencidos” e “O tributo final a Senna”. Para ser candidato no Brasil uma pessoa tem que ser alfabetizada e o Ministério Público levantou a suspeita de que ele não seria alfabetizado. O teste foi feito na manhã desta quinta-feira nas instalações do TRE-SP.
Após pausa para o almoço, Tiririca retornou ao prédio do TRE para participar do depoimento de testemunhas. Segundo o presidente do tribunal, Walter de Almeida Guilherme “não se pode afirmar se ele sabe ler ou escrever” a partir do teste feito. A decisão caberá ao juiz Aloízio Silveira, da primeira zona eleitoral.

Tiririca foi convidado a fazer um teste grafotécnico para constatar que a carta entregue à Justiça Eleitoral havia sido escrita de próprio punho. Mas ele se recusou a fazer o teste grafotécnico, agindo dentro do que prevê a legislação, já que ele não estava obrigado a apresentar provas contra ele mesmo. Por isso foi submetido aos exames de leitura e ditado.

Diplomação

O presidente do TRE-SP, Walter Almeida Guilherme, informou que o deputado eleito "vai ser diplomado, independentemente do resultado ou da decisão do juiz" que julgará se Tiririca é alfabetizado. Segundo Guilherme, "o registro (da candidatura) foi deferido tecnicamente e não existe nenhuma provocação para que se desfaça esse registro".
 
Testemunhas

No período da tarde desta quinta-feira, o tribunal começou a ouvir as quatro testemunhas do caso. Os nomes não foram divulgados e há vários rumores sobre o tema. As únicas confirmações até agora são de dois nomes. Um deles é o jornalista Victor Ferreira, da revista Época, que numa reportagem escreveu que a grafia dos autógrafos dados por Tiririca era diferente da existente na declaração apresentada à Justiça Eleitoral.
 
A outra testemunha, citada na reportagem de Ferreira, é o humorista Ciro Botelho, que escreveu o livro "As piadas fantárdigas do Tiririca". Na reportagem da revista, Botelho disse que escreveu o livro sozinho, com base em histórias contadas por Tiririca, e que este não sabe ler nem escrever.
 
Denúncia

Nesta manhã, Tiririca participou de uma audiência no TRE-SP por conta de uma acusação feita pelo promotor eleitoral Maurício Lopes de fraude na declaração em que afirmou ser alfabetizado para poder se candidatar. O deputado eleito driblou a imprensa ao deixar o TRE-SP.
 
Os defensores do deputado eleito alegam que ele é alfabetizado, mas que, ao se candidatar, ele contou com a ajuda da mulher para redigir a declaração por ser portador de síndrome que o impede de unir o indicador e polegar.

Tiririca foi eleito com 1.353.820 votos - deputado federal mais votado do País em 2010 - para o cargo de deputado federal nestas eleições pela coligação Juntos por São Paulo (PR/PT/PRB/PC do B/PT do B). Ele é filiado ao Partido da República (PR).

Fonte A URURAU

Fonte B Último Segundo IG