No dia seguinte à mudança no tabuleiro político do município de São João da Barra, o vereador Alexandre Rosa (PPS) em entrevista ao blog Entrelinhas, da jornalista Júlia Maria, também reafirmou que está fora do grupo de oposição na Câmara Municipal, e seu papel na Casa será de independência. “Não aceitarei votar pressionado por executivo ou Legislativo”, destacou. Ontem, na cidade, o burburinho sobre o assunto esteve em 10 entre 10 rodinhas de conversas. Uma das mais afetadas pela força do G-5 na Câmara, a prefeita Carla Machado (PMDB), que teve sua administração engessada pelo grupo de oposição, também não se esquivou de falar sobre o assunto: “Ele (Rosa) foi muito homem quando declarou em público que não faria mais parte do G-5” e ela ainda abriu portas.
Na sessão da última quinta-feira, Rosa usou a tribuna para expor sua nova condição, o que pegou a todos de surpresa, já que ele era um dos principais integrantes do chamado G-5, também denominados de “Cavalheiros do Apocalipse”.
Na entrevista ao Entrelinhas, Rosa aproveitou para explicar o que motivou a sua decisão. Segundo ele, foi uma decisão política. “Nós tínhamos um acordo político no grupo, o G-5, como intitulado pela mídia, mas desde o verão, o Carnaval, eu venho fazendo uma reflexão com minha família, meus amigos. Venho sentindo uma frieza da população comigo, por tudo o que foi feito por setores da mídia, me colocando o tempo todo como testa de ferro de tudo, de colocar tudo na minha conta. Acontece que mesmo eu não concordando com muitas coisas propostas pelo go-verno, reconheço que houve perdas para parte da população, como os ambulantes, por exemplo, que clamaram por apoio. E eu não atendi por uma questão de grupo”, explicou.
O vereador Alexandre Rosa, que deixou esse ano a Mesa Diretora da Casa, elegendo seu hoje ex-aliado de oposição, o vereador Gersinho (PMDB), tam-bém garante que não adotou com essa decisão o papel de governista.
“Não estou dizendo que o certo é votar em tudo e de-pois fiscalizar. A postura que assumo é de independência. Se vierem propostas que não trarão ganho para a população e sim para atender a determinados interesses não posso votar. Porém, quando me reporto às festas, ao verão, que envolvem vários setores da sociedade, como ambulantes, comerciantes, quando vêm aí as festas religiosas, que a tradição do município exige que aconteçam, não posso não aprovar. Também vamos considerar que temos outras prioridades, como a saúde, a educação, com índices que não são os melhores. Ou seja, e a independência de voto na câmara. Não aceitarei votar pressionado por Legislativo ou Executivo. Votarei com a minha consciência no que julgar bom para a população. Fui eleito para isso. Represento mais de mil eleitores e todo o município, porque não sou vereador só de quem votou em mim”, destaca.
Sobre uma possível reaproximação com a prefeita Carla, ele preferiu falar em nível de partido. Neste caso, lembra que a sua legenda, o PPS, terá uma assembléia no Rio, na segunda-feira, quando irão discutir uma possível aliança com o PMDB em nível estadual. Não sei no nível municipal como serão as alianças. Lembro também que tem eleição para o PPS local em abril e eu
sou candidato a presidente”.
O presidente da Câmara, Gersinho também foi procurado por telefone pela Folha para falar sobre o novo desenho da Casa, mas sem sucesso.
Sem salto alto, elogio à postura do ex-aliado
A prefeita Carla Machado opta pelo discurso nostálgico, mas sem salto alto, quando questionada sobre o novo contorno da Câmara, onde no momento se predomina o equilíbrio, já que situação e oposição ficam no mesmo patamar com quatro parlamentares cada, após a independência de Alexandre Rosa. “São João da Barra já perdeu muito nesse período, projetos importantes deixaram de ser aprovados, a impossibilidade de concretizar a programação de verão inicialmente elaborada. Alexandre nasceu na política ao meu lado, desde a minha primeira eleição, mas o perdi. Mas vejo, agora, com respeito a sua posição naquela Casa. Ele foi muito homem quando declarou em público que não faria mais parte do G-5”.
E a prefeita foi além:
— Eu tenho certeza que Alexandre sofreu muito no final do ano, quando a população se revoltou contra a Câmara e, principalmente, com ele, por ser cria deste município.
Portas abertas — Ao ser questionada se as portas estão abertas para o vereador, não esquivou da pergunta. “Ele no momento está dizendo que sua posição é de independência. Mas não descarto caminharmos juntos um dia, quando o objetivo é o mesmo, em prol da população. Gosto daquele dito popular ‘o bom filho a casa torna”.